terça-feira, 29 de julho de 2014

Campanhas Eleitorais na TV: O Show Vai começar


No dia 19 de agosto começarão as campanhas eleitorais em rádio em televisão e, como muitos sabem, vai começar o espetáculo de entregas de conteúdo que o público deseja ter e/ou ouvir.

O Marketing Político é importantíssimo, afinal sem ele dificilmente (praticamente impossível) alguém que realmente queira mudar alguma coisa conseguirá chegar ao poder e promover as mudanças necessárias. Portanto, o problema não é o Marketing Político (ou, se preferir, o Marketing Eleitoral) em si, mas como fazem uso dele.

Desde que o poder foi devolvido aos civis (na verdade até antes disso) as campanhas eleitorais estão ficando cada vez mais cinematográficas e o uso das mídias de massa têm decidido as campanhas, principalmente as presidenciais. O candidato passa a ser um produto que deve ser vendido e para obter os votos (sucesso de vendas) é preciso SEDUZIR, PERSUADIR O ELEITOR.

Em Campanhas Eleitorais, que transforma o candidato em produto, valem as mesmas premissas de Campanhas Publicitárias de empresas. Da mesma forma, no Marketing Político valem as mesmas “normas” do Marketing de empresas. Logo, é preciso tratar as Campanhas Eleitorais como são tratadas as Campanhas Publicitárias, tanto quem elabora tais campanhas, quanto, e principalmente, quem as recebe em seus veículos preferidos.

Vale fazer um acréscimo sobre “propaganda enganosa” que é tão combatida e gera revolta no consumidor. Uma empresa precisa entregar o que o consumidor deseja, precisa satisfazer as necessidades do público, para isso faz pesquisas e molda os produtos de acordo com os desejos e necessidades do público. Para vender esse produto, faz uso de ferramentas do marketing (tendo como uma das principais a PROPAGANDA) e quando a promessa não condiz com a entrega o consumidor se sente lesado e recorre a meios cabíveis.

Nas Campanhas Eleitorais o princípio, “a princípio”, deveria valer. As pesquisas para entregar o que o eleitor deseja ocorrem e é interessante que seja assim, é importante saber o que a população deseja e precisa e moldar o produto (candidato) a tais anseios da população. O problema é que o uso mais comum desta ferramenta no Marketing Político visa apenas ganhar a confiança da população e se manter no poder através de mentiras, sendo que o eleitor muitas vezes não tem como recorrer.

Imagine que uma propaganda diz que o consumidor deseja todas as funções possíveis e imagináveis em um celular. A empresa que produz celular diz que seu produto tem tudo isso e realiza a venda. Após adquirir o produto, o consumidor nota que seu aparelho “apenas fala e manda mensagem” e recorre. A empresa responde que as funções estão ali e através de outra propaganda mostra que estão ali mesmo e isso vale como prova irrefutável de que as funções existem em tal aparelho e diz que o consumidor que não percebe, não sabe usar o aparelho devidamente.

Essa estória que acabei de contar é o que mais acontece com grande parte os políticos do Brasil na atualidade, com o diferencial que a população tem poucos recursos para recorrer.

Para ilustrar um pouco como se dá as Campanhas Eleitorais na TV, sugiro dar uma lida nesse artigo elaborado pelo estudante Lucas Corazzini. Possivelmente trata-se de um trabalho de faculdade e tem uma linguagem bastante simples e de fácil entendimento para pessoas que não são da área. O documento se chama “Análise Semiótica da Propaganda Eleitoral” e pode ser lido ou baixado neste link.

Gostaria de ressaltar duas citações que o autor fez no seu trabalho e que mostram muito bem como são as Campanhas Eleitorais na TV (e em outros meios):

1) "De forma neutra, propaganda é definida como forma propositada e sistemática de persuasão que visa influenciar com fins ideológicos, políticos ou comerciais, as emoções, atitudes, opiniões e ações do públicos-alvo através da transmissão controlada de informação parcial (que pode ou não ser factual) através de canais diretos e de mídia." - Richard Alan Nelson, A Chronology and Glossary of Propaganda in the United States, 1996.

2) “Segundo Umberto Eco, a comunicação eficiente fundamenta-se na proposta de arquétipos de gosto que preenche as mais previsíveis expectativas. Entretanto, para não se tornar repetitiva e exaustiva, a publicidade baseia-se no pressuposto de atrair a atenção do espectador, quanto mais violar as normas comunicacionais conhecidas, realizando apelos através de soluções originais.” - Thomas Hohl, Recursos visuais e 4 idéias de uma campanha eleitoral, 2000.

Este artigo ainda traz um pouco de teoria da Publicidade e Propaganda e vale a pena ler em caráter introdutório.

Hollywood Eleitoral

As campanhas eleitorais, então, tornaram-se palco de vendas. O “Estadão” colocou em seu canal no YouTube uma entrevista com o publicitário Eduardo Fischer que fez uma análise da evolução das campanhas eleitorais na TV desde as primeiras eleições diretas para presidente após o Regime Militar, em 1989. Vale a pena assistir este vídeo com pouco mais de 7 minutos.




Para finalizar, gostaria de deixar bastante claro que não sou contra o Marketing Eleitoral assim como não sou contra o Marketing. Muito pelo contrário, sou completamente a favor do uso de ferramentas de Marketing para vender produtos (candidatos) e deixar tudo cada vez mais claro para o consumidor (eleitor) que deverá receber o que deseja. O problema não está no Marketing, mas sim nos vetos, na não liberdade, na censura, na não disputa, no deixar apenas o mais forte fazer o que bem entende, mentindo para o consumidor e não deixando meios para que ele recorra a outras alternativas.








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